terça-feira, 7 de maio de 2013

Por que precisamos estar sempre conectados?

A internet e as tecnologias de comunicação são conhecidos pelos alunos. Aproveite a familiaridade com o tema e discuta a necessidade de conexão permanente que vivemos hoje.

Hiperconectados 
Objetivos
- Entender o impacto das tecnologias de comunicação na vida cotidiana.
- Refletir sobre a dependência e uso excessivo dos recursos de conectividade.

Conteúdos
- Internet
- Relações sociais

Anos
Ensino Médio

Tempo estimado

Três aulas

Materiais necessários
- Cópias da reportagem "Desligue o celular e curta os amigos" (Veja, 30 de maio de 2012) para todos os alunos.

Flexibilização

Para alunos com deficiência intelectual
Produza uma espécie de "museu" da comunicação com imagens ou objetos que linearizem a comunicação desde os sinais de fumaça até os aparelhos eletrônicos mais modernos. Proponha também dinâmicas aos alunos, pedindo que comuniquem-se em pares ou trios por meio de desenhos ou mímicas.

Introdução

A disseminação das tecnologias de comunicação e da Internet modificou drasticamente a interação interpessoal nas sociedades ocidentais contemporâneas. Atualmente, essas tecnologias fazem parte de uma grande parte das atividades profissionais, recreativas e até mesmo afetivas das pessoas. Apesar de todas as vantagens oferecidas, é possível perceber também alguns  efeitos negativos como, por exemplo, a crescente "dependência" da conectividade  na vida cotidiana.

A partir da reportagem de Veja, discuta as implicações deste fenômeno e estimule a reflexão crítica entre os alunos, destacando o que  influencia nossa crescente necessidade de conectividade.

Leia mais Ações coletivas na internet

Leia mais Os usos sociais da internet: conexão insegura

Desenvolvimento
1ª aula
Inicie com uma conversa informal para avaliar o quanto e como seus alunos estão conectados. Para estimular a discussão, pergunte se usam mensagens de celular, Internet, redes sociais e e-mails. Procure descobrir a importância destas formas de comunicação para a realização das atividades escolares e de recreação da turma. Por exemplo, indague se usam mensagens de celular ou de recados nas redes sociais para combinar uma ida ao cinema ou para organizar trabalhos em grupo.

Em seguida, distribua cópias da reportagem de Veja e realize uma leitura dirigida. Pergunte o que pensam sobre a prática de "phone stacking" descrita na matéria. Eles conseguiriam encarar o desafio? Esta é uma atitude necessária ou exagerada? Algum dos alunos já teve alguma experiência curiosa ou desagradável por causa do uso excessivo de celulares ou tablets em ambientes coletivos?

Encerre a primeira aula com uma pequena tarefa. Os alunos deverão escrever um texto curto, respondendo estas perguntas:

1) Qual o lado bom das tecnologias de comunicação atuais?
2) Qual o lado ruim e como ele pode ser solucionado?
3) Como seria o mundo sem celulares e Internet? Quais as práticas sociais que caíram em desuso? Que atividades voltariam a ser valorizadas? As pessoas estariam mais ou menos próximas?


Incentive os alunos a usarem a criatividade! Vale pesquisar em revistas, livros e até conversar com os pais para saber como era a vida de um estudante "antigamente", sem computador ou celular.

2ª aula
Comece a aula perguntando como foi o trabalho e peça que os alunos compartilhem dúvidas e questionamentos. Em seguida, faça uma exposição sobre alguns dos aspectos sociológicos da conectividade atual, utilizando o texto de apoio a seguir:

O QUE EXPLICAR PARA A TURMA
Quais as condições técnicas e sociais que possibilitaram o mundo conectado em que vivemos?
Os computadores pessoais, smartphones e tablets atuais são alguns dos produtos mais recentes de uma trajetória de inovação que começou no período Pós-guerra e intensificou-se com os avanços da micro eletrônica e, nos anos 1980, com o surgimento dos computadores pessoais. Duas características importantes destas inovações são a crescente redução dos custos para sua produção e a ampliação da capacidade de processamento e armazenamento de dados. Sem essas tecnologias, não viveríamos em um mundo tão "conectado" quanto o nosso.

Por que navegar na Internet pode ser tão viciante?
A forma de apresentação de conteúdos e informações na Internet é relativamente inédita. A world wide web não é organizada de forma linear como, por exemplo, um livro, com começo, meio e fim. Os hyperlinks são organizados em forma de rede - um documento pode encaminhar o usuário para outros diversos documentos, inclusive de forma recursiva. Além disso, os conteúdos são atualizados frequentemente. Com isso, a experiência de navegação em textos, imagens e vídeos pode ser realmente infinita.

Por que sentimos que temos que responder  de imediato o  SMS que acabou de chegar?
Algumas das formas de comunicação mediadas por tecnologias atuais carregam em si obrigações de reciprocidade. Isto é, elas demandam do receptor da mensagem alguma ação ativa, na forma de resposta ou diálogo. Mesmo um comentário em uma foto em uma rede social pode demandar implicitamente uma resposta. Como enxergamos a "vida digital" como uma extensão da vida real, uma mensagem ou e-mail não respondido pode ter consequências práticas verdadeiras. A disseminação e popularização das tecnologias de comunicação fizeram com que passássemos a carregar nossas "obrigações" o tempo todo, em todos os lugares.

Combinado para o uso do celular durante a aula

Os adolescentes estão o tempo todo conectados e a maioria se recusa a abandonar o celular enquanto está na escola. Não marginalize o uso do aparelho! Saiba como formular, junto dos alunos, um acordo para o uso do telefone em sala de aula

 Celular em sala: como lidar? . Imagem: produção Nova Escola 

Objetivos
- Refletir sobre a necessidade das normas e os procedimentos de legitimação que devem propiciar ao sujeito o respeito por si próprio e pelo outro
- Discutir o uso do celular em sala de aula
- Vivenciar uma assembleia de classe
- Criar coletivamente regras sobre o uso do celular em sala de aula

Conteúdos
- Ambiente cooperativo
- Criação de regras

Anos
Ensino Médio

Tempo estimado
4 aulas

Materiais necessários
- Cartolina e caneta para a divulgação  do combinado (ou computador e impressora caso a turma prefira digitar o texto)
Obs: para a realização da assembleia as carteiras precisam ser dispostas em um círculo, para que todos possam se olhar
Introdução
O compromisso com a construção da autonomia pede uma prática educacional engajada com a compreensão do desenvolvimento do aluno e a aquisição do conhecimento. Para alcançar esse objetivo, segundo alguns estudos, é necessário uma educação que garanta a vivência da cooperação.

É preciso lembrar sempre que o papel do educador não é somente ensinar os conteúdos escolares, mas também dar condições para que os alunos aprendam. O desenvolvimento de cada um pode ser rápido ou lento, dependendo do ambiente. Por isso podemos dizer que a inteligência e o desenvolvimento socioafetivo de uma pessoa adulta dependem muito do que lhe foi oferecido durante sua formação, daí a necessidade de interagir com estímulos desafiadores. Considerando esses pontos, este plano de aula propõe uma reflexão coletiva sobre o uso do celular em sala de aula com as turmas do Ensino Médio. O objetivo é trabalhar as características de um ambiente escolar cooperativo e democrático, que seja favorável à autonomia intelectual e moral.

Desenvolvimento
1ª etapa
Comece propondo uma conversa sobre o uso do celular na escola, especialmente na sala de aula. A conversa precisa ser aberta para que os alunos se sintam à vontade para expor que pensam. Estimule os estudantes a apresentarem seus pontos de vista. Se a escola tem uma regra específica sobre isso, ou se há uma lei que proíbe o uso do aparelho (como no Estado de São Paulo), discuta o que pensam a respeito da regra e o porquê. Finalize pedindo que os adolescentes pesquisem como o Brasil e outros países lidam com o uso do celular na escola e peça que tragam os resultados das pesquisas para a próxima etapa.

2ª etapa
A partir do material que os adolescentes trouxeram, organize grupos de quatro a cinco pessoas. Os alunos deverão compartilhar seus achados e organizar um texto. Cada grupo pode escolher a forma como achar mais conveniente socializar essa produção, inclusive via celular se eles assim preferirem. Após a escrita, peça que os alunos dividam suas impressões. Faça a mediação desse momento, mas sem emitir sua opinião ou fazer julgamentos. Esse é um momento de análise dos alunos.

3ª etapa
Discuta com a turma o que é uma assembleia de classe (caso a escola não use esse recurso como uma prática). As assembleias destinam-se a um momento escolar organizado para que os membros da instituição discutam com o objetivo de melhorar a convivência e outros problemas vividos no lugar.

Lembre que o trabalho com as regras na escola é um aspecto pertinente a toda comunidade escolar, pois trata do bem estar de todos. A assembleia permite que os alunos participem em muitas situações da tomada de decisões e se sintam realmente parte desse ambiente. É preciso alguns cuidados ao discutir e criar as normas:

- as regras não devem referir-se ao bem-estar de uma minoria, mas sim de uma maioria;
- é preciso evitar regras de respeito unilateral (não combinar: respeitar o professor, os funcionários... e sim, respeitar as pessoas);
- uma regra não pode ferir uma lei;
- é importante ter a clareza que, quanto mais liberdade, mais responsabilidade se atribui aos alunos.


Há quatro mecanismos que devem ser utilizados ao se discutir com o grupo os temas que precisam ser refletidos: pensar nas causas; pensar se as soluções atuam nas causas; analisar cada solução e verificar se os princípios são respeitados.

4ª etapa
Chegou o momento de todos decidirem, em uma assembleia, sobre o uso de aparelhos celulares na sala de aula.

Eleja com a turma (de forma democrática) os alunos que coordenarão as discussões, sendo que um anota a ordem da palavra e o outro organiza a ata que sistematiza as reuniões. Você, professor, atua como mediador. Por isso, não esqueça de favorecer reflexões pautadas em princípios de justiça e equidade.

Ao final, é possível elaborar um cartaz ou mesmo digitalizar um texto com a ata, informando a comunidade escolar sobre como o tema foi discutido e quais regras foram propostas. As regras criadas precisam ser claras sobre, por exemplo, o momento que os celulares atrapalham o andamento de uma aula, quando podem ser utilizados como um recurso didático da própria aula e como os professores e alunos organizarão o uso do celular, entre outros itens.

Avaliação

Peça aos estudantes que escrevam uma autoavaliação desta sequência didática. Você pode listar algumas perguntas, como:

- De que maneira você participou das atividades?
- Quais contribuições das discussões para sua compreensão do tema proposto?
- A organização de regras sobre o uso do celular foi feita de forma democrática?
- Você gostaria de sugerir temas para a próxima assembleia?

Quer saber mais?
A organização das regras e assembleias em sala de aula: obedecer à autoridade ou aos princípios? RAMOS, A.M.; WREGE, M.G.; VICENTIN, V.F. In: É possível superar a violência na escola? TOGNETTA, L.R.P.; VINHA, T.P.(orgs). São Paulo: Editora do Brasil, 2012. 
Adriana de Melo Ramos
Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (campus Rio Claro) e coordenadora geral dos cursos de pós-graduação da Universidade de Franca (Unifran).

domingo, 5 de maio de 2013

Poema Enjoadinho



Vinícius de Moraes

Filhos...  Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos?  Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

O texto acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 195.

Conheça a vida e a obra do autor em "Biografias".