As gavetas da vida
Engraçado
como a nossa vida se parece com o esvaziar e arrumar de gavetas. Outro dia ao
fazer este trabalho analisei que certos objetos guardados cuidadosamente por
nós nos “cantinhos” das gavetas, apesar de não usarmos, continuam ali, como se
com eles parte de nós, ou de algo vivido por nós também pudesse ser eternamente
guardado. Na vida também agimos assim... Quantas pessoas surgem em nossa vida e
as mantemos, por certo tempo, em lugar de destaque na nossa convivência, com o
passar do tempo, ao reorganizarmos nossas prioridades, muita vezes ditadas
pelas circunstâncias a que nos são impostas pelas novas realidades a que
vivemos, o lugar de destaque passa a ser de outrem, e o destaque anterior passa
a ocupar um dos “cantinhos” que carinhosamente mantemos ali. Até que um dia,
num destes esvaziar percebemos que não há mais motivos para guardá-los, e então
com sabedoria percebemos que não há como eliminá-los, como fazemos com os
objetos, e então, sabiamente arrumamos mais cantinhos, mais “gavetas” são
providenciadas, pois ao contrário dos objetos guardados, as pessoas que fizeram
parte de nossa existência, por mais distantes que estejam fisicamente de nós,
na nossa mente elas permanecem ali, em nosso coração elas são carinhosamente
guardadas, pois desta vida o que mais importa é o valor que damos aos momentos
intensa e inesquecivelmente vividos. Se as gavetas são esvaziadas para dar
lugar a novos objetos, novas aquisições, na vida não é assim, pois as pessoas
não podem ser descartadas das nossas vidas, em algum momento elas serão
lembradas, seja por um lugar em comum, uma música ouvida, um filme, um cheiro
ou em um simples sorriso... e isso acontece mesmo com as pessoas que já nos
deixaram para sempre... então antes de virarmos uma lembrança, uma memória na
vida de alguém aproveitemos o máximo o lugar de destaque que, em algum momento,
vivemos na vida de outros e que outros vivem em nossa vida!!!
Eliete O. de S. Marzochi